Tribunal de Contas - empresas públicas de Lisboa e Porto

É urgente travar "degradação económica e financeira" em empresas públicas de Lisboa e Porto

O Tribunal de Contas considera urgente travar a "continuada degradação económica e financeira" das empresas públicas de metro e autocarro de Lisboa e Porto, sustentando que o crescente recurso ao endividamento bancário tem permitido um crescimento "imoderado" dos encargos.

Segundo um relatório divulgado hoje, que actualiza as auditorias realizadas a cada uma das quatro transportadoras e incide sobre o período 2003-2008, os accionistas da STCP -- Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, da Carris, do Metropolitano de Lisboa e do Metro do Porto devem avançar com um saneamento financeiro das empresas para evitar o risco de uma "situação de colapso económico-financeiro" que poderia pôr em causa a regularidade dos serviços públicos.

"O adiar sistemático da concretização de uma solução que inverta a situação de falência técnica e défice operacional crónico das empresas tem, sobretudo, acarretado o aumento significativo do endividamento das empresas, na sua maioria avalizado pelo Estado", refere o documento.

De acordo com o Tribunal de Contas (TC), o saldo total em dívida das quatro operadoras avalizado pelo Estado ascendia, a 31 de Dezembro de 2008, a 4 333 milhões de euros, 63 por cento dos quais (2 724 milhões de euros) eram relativos aos empréstimos contraídos pelo Metropolitano de Lisboa.

Durante os seis anos analisados, 75,5 por cento dos projectos de investimento foram mesmo realizados com recurso ao endividamento bancário e outras formas de passivo remunerado.

"O Estado, que tem permitido que estas suas empresas tenham como fonte primária, e sempre crescente, o endividamento bancário, em detrimento de um financiamento público justo [...] e da exigência de implementação de modelos de negócios autosustentáveis, permitiu que os respectivos encargos financeiros tenham crescido imoderadamente", sublinha o Tribunal.

Ao longo do período avaliado, o Estado atribuiu indemnizações compensatórias no valor de 517,6 milhões de euros, mas estas não foram suficientes para compensar os défices operacionais que as empresas acumularam anualmente e acabaram por motivar a contracção de empréstimos bancários a curto prazo, já que só foram disponibilizadas nos últimos meses dos exercícios.

Por outro lado, essas indemnizações não se sustentavam em nenhum modelo financeiro, fórmula de cálculo ou critério transparente conhecido, pelo que o TC não conseguiu identificar que percentagem dessas verbas públicas tem sido desaproveitada por financiar custos não indispensáveis à gestão dos sistemas de transporte.

O TC indica aponta também como um "exemplo a corrigir" a não liquidação atempada das dívidas do próprio Estado, "assumidas por sua iniciativa", junto do Metro do Porto, do Metropolitano de Lisboa e da STCP, que ascendiam a 95,8 milhões de euros em Outubro passado.

Entre 2003 e 2008, as quatro empresas apresentaram resultados líquidos do exercício negativo e estavam, no final do último ano, em falência técnica e com um montante total de dívida de quase 5,8 mil milhões de euros.

Segundo o relatório, o serviço das transportadoras está acima das suas possibilidades económicas e o Estão deve contribuir para recuperar esse equilíbrio, além de criar um sistema de financiamento público justo das obrigações cumpridas pelas empresas, "assentes em contratos onde estejam claramente discriminados os custos subvencionados".
.

Uma questão de credibilidade

Comércio Externo de Portugal - o rigor dos números.

Ultimamente, têm circulado, quer pela 'net', quer pelas redes sociais algumas estatísticas manipuladas, com ilustrações e tudo, sobre o Comércio Externo de Portugal em termos da sua distribuição pelas Regiões (NUTs II).

Para sermos credíveis na defesa das nossas causas, a condição primeira tem que ser o rigor e a seriedade da informação que pretendemos divulgar.

A bem da causa da Regionalização, abaixo apresento, sobre esta matéria, as estatísticas oficiais da AICEP relativas aos anos de 2004 a 2008.
( para ver melhor - http://www.j-f.org/CIP_Reg_NUTS II_04_08.pdf )

.

Portugal - Dívida Externa

Portugal é, na UE, o 5º na dívida externa em relação ao PIB

No grupo dos países endividados da União Europeia, Portugal é 5º na dívida externa em relação ao produto interno bruto (PIB). Na Europa, é 6º

|www.expresso.pt|

Com base nas estatísticas do stock da dívida (bruta) externa total (pública e privada) e do produto interno bruto (PIB) em 2009, o campeão na União Europeia (e mesmo no mundo) era a Irlanda com mais de 1000% do PIB "coberto" pela dívida externa. Portugal vem em 5º lugar com 225%.

À frente de Portugal, na União Europeia, além da Irlanda, estão Holanda (470% do PIB), Reino Unido (416%) e Bélgica (266%). Se incluirmos toda a Europa, a Suíça surge em 5º lugar, com 269% do PIB, e Portugal passará a 6º.

Segundo os dados do Banco de Portugal mais recentes, o stock de dívida externa portuguesa em termos brutos e total (pública e privada) era no final do 4º trimestre de 2009 de €370,36 mil milhões e o PIB de 2009 terá sido de €164,5 mil milhões.

No caso da Irlanda, o stock da divida externa total bruta ascendia a 2,287 biliões de dólares em final de Setembro de 2009 e o PIB daquele ano foi de 227,7 mil milhões de dólares (ligeiramente inferior ao português, em dólares). No caso da Holanda, o mesmo indicador da dívida ascendia a 3,7 biliões de dólares no final de 2009 e o PIB foi naquele ano de 794,8 mil milhões de dólares. No caso do Reino Unido, os valores respectivos eram de 9,088 biliões de dólares (em Junho de 2009) e de 2,183 biliões de dólares. No caso da Bélgica, eram respectivamente de 1,25 biliões de dólares e de 470,4 mil milhões.
.

Partidos super endividados

Dívida dos partidos dispara

Em 2009, o endividamento dos quatro maiores partidos aumenta 54,6 milhões de euros.

|António Sérgio Azenha/P.S./C.R.|

A dívida total dos quatro maiores partidos com representação parlamentar aumentou, em 2009, 54,6 milhões de euros. Ao todo, no final do ano passado, por causa das eleições realizadas para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e para as autarquias, PS, PSD, CDS-PP e BE deviam à banca e a outros credores cerca de 69,2 milhões de euros, um aumento de quase 376 por cento face aos 14,5 milhões de euros registados em 2008.

As contas dos partidos políticos de 2009, entregues à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos até ao final de Maio, revelam que foi o PS, partido que apostou forte nos três actos eleitorais, quem mais aumentou o endividamento em 2009: de uma dívida de 3,34 milhões de euros em 2008, os socialistas passaram, no ano passado, para quase 35,4 milhões de euros, um acréscimo superior a 32 milhões de euros. Só a dívida à Banca ascendia, no final de 2009, a 11,9 milhões de euros, contra 1,9 milhões no ano anterior.

O PSD, que concentrou esforços nas eleições legislativas, endividou-se menos que o PS, mas, ainda assim, o valor é elevado: no final de 2009, os sociais-democratas tinham uma dívida total à Banca e a outros credores de 29,1 milhões de euros, acima dos 10,1 milhões de euros registados no ano anterior. Aos bancos, o endividamento atingia 16,5 milhões de euros, contra cerca de 5,6 milhões em 2008.

CDS-PP e BE apresentam um endividamento muito inferior: no final de 2009, os democratas-cristãos deviam cerca de 3,5 milhões de euros, contra quase 933 mil euros no ano anterior, e os bloquistas tinham um endividamento de 1,2 milhões de euros, contra 91 mil euros em 2008.

O PCP não identifica de forma autónoma as dívidas a terceiros, mas indica o montante das contribuições de representantes eleitos pelo partido: quase 2,1 milhões de euros.

Num ano marcado por três actos eleitorais, em tempo de crise económica, os partidos fecharam 2009 com resultados diferentes: o PS e o BE apresentaram prejuízos de quase 2,1 milhões de euros e 1,2 milhões de euros, respectivamente, mas o PSD e o CDS-PP tiveram lucros de 2,4 milhões e euros e 286 mil euros, respectivamente.

DÍVIDAS A TERCEIROS
2008 2009

PS 3 349 456* 35 354 709
PSD 166 242 29 138 611
CDS-PP 932 700 3 467 894
BE 932 700 3 467 894

PCP não apresentou de forma autónona as dívidas a terceiros.

*Valores em euros
.