Peso da população com menos de 24 anos desceu 10% desde 1990.
Em 1990 o almoço de Natal da família de Josefina contava com três jovens com menos de 24 anos. Ontem, com aquelas crianças e jovens já adultos, havia apenas um menor de 24. Um exemplo que reflecte bem o envelhecimento da sociedade portuguesa: nas últimas duas décadas o peso dos jovens com menos de 24 anos na população desceu 10%, para os 26,3%. Isto faz com que o País tenha "perdido" 819 mil jovens entre 1990 e 2009.
Assim, se há 20 anos havia 68 idosos para cada 100 crianças e adolescentes, hoje a relação inverteu-se e já há 117 idosos para cada 100 menores de 15, diz o Instituto Nacional de Estatística (INE) no Anuário de 2009 publicado esta semana.
Para estas tendências têm contribuído as mudanças de comportamentos em relação ao casamento e à maternidade. E o País só não tem perdido população graças à imigração.
A partir de 1991 a falta de crianças reflectiu-se, como não podia deixar de ser, na diminuição do número de alunos no ensino, que começou a sentir-se no 1º ciclo e alastrou aos outros ainda durante os anos 90 - uma descida de 18% nessa década e uma nova queda de 3% nos últimos 10 anos.
No pré-escolar , pelo contrário, houve um grande aumento, mas devido ao crescimento da rede pública, que passou a abranger 83% das crianças entre os 3 e os 5.
Apesar do envelhecimento, entre 1990 e 2009 a população activa aumentou quase 13%. Um crescimento que se explica, segundo o INE, pela entrada de mais mulheres no mercado de trabalho, de um possível adiar da reforma e do maior número de imigrantes no País. O ano passado foi mesmo o primeiro desde 1998 em que houve um recuo: menos 42 mil pessoas no mercado de trabalho.
Os trabalhadores portugueses são também mais qualificados: cerca de 32% têm o secundário, quando em 1998 eram menos de 20%. Apesar do significativo aumento, na ordem dos 6,5 pontos percentuais, a proporção de trabalhadores com curso superior continua a ser baixa quando comparada com a da União Europeia a 27: 15,3% em Portugal contra 28,1% na UE.
Por outro lado, o INE salienta que a taxa de desemprego em 2009 ficou novamente acima da média europeia (pelo terceiro ano consecutivo). E foram os jovens entre os 15 e 24 anos os mais afectados: um quinto estava sem emprego.
Aliás, jovens e idosos são os que enfrentam um maior risco de pobreza, assim como as famílias numerosas e as famílias monoparentais, diz o INE. No total, 17,9% da população vive com cerca de metade do rendimento mediano. Mas nas famílias com três ou mais crianças essa percentagem subiu de 31,9% para 36,1% entre 2008 e 2009, e nos desempregados de 34,6% para 37,0%.
Na outra ponta da escala social estão os 20% mais ricos, que em Portugal têm um rendimento seis vezes superior ao dos 20% mais pobres.
|DN|
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ENVELHECIMENTO - Portugal 'perdeu' 800 mil jovens nos últimos 20 anos
Publicada por
Antonio Almeida Felizes
em
10:14
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2 comentários:
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