Portugal desce seis lugares no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU


Apesar de se manter no grupo dos países com "desenvolvimento humano muito elevado", Portugal afundou-se ainda mais numa tabela que volta a colocar a Noruega no topo.


Portugal surge em 40.º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano , descendo seis lugares no relatório de 2010 das Nações Unidas que avalia o bem-estar das populações de 169 países.
Em 2009, Portugal já tinha descido neste ranking, situando-se em 34.º lugar. Este ano, e apesar de se manter no grupo dos países com "desenvolvimento humano muito elevado", caiu de novo numa tabela que volta a colocar a Noruega no topo e Espanha em 20.º lugar.   
Nesta avaliação anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os países são divididos em quatro grupos em termos de desenvolvimento humano: muito elevado, elevado, médio e baixo. Os portugueses surgem no primeiro grupo, composto por 42 países, mas quase no fim da tabela, estando apenas em melhor situação do que a Polónia e os Barbados.
Dos 27 países da União Europeia, Portugal surge apenas mais bem classificado do que a Polónia (41.º lugar no ranking mundial), Letónia (48.º lugar) Roménia (50.º) e Bulgária (58.º).
Com o objetivo de perceber o bem-estar de uma população, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa que engloba três dimensões: expectativa de vida ao nascer, riqueza e educação.

Esperança de vida: 79,1 anos


Os portugueses têm uma esperança de vida à nascença de 79,1 anos, menos dois do que os espanhóis e menos três se comparados com o povo com maior longevidade: os japoneses, que têm uma esperança de vida de 83,2 anos.
Comparando a realidade nacional com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal também fica abaixo da média de 80,3 anos, mas uma década acima da média mundial dos 69,3 anos.

Anos de escolaridade: 8


Outro dos itens avaliados no Relatório de Desenvolvimento Humano 2010 é a média de anos de escolaridade: em Portugal são oito, contra os dez anos espanhóis ou os 12,6 anos dos noruegueses.
Quando comparado com os 27 da UE, Portugal é o país com a mais baixa média de anos de escolaridade: a Polónia, que está em 41.º lugar do ranking mundial, tem uma média de 10 anos, a Letónia (48.º lugar no ranking) tem uma média de 10,4 anos, a Roménia (50.º) de 10,6 anos e a Bulgária (58.º) de 9,9 anos.
O Rendimento Nacional Bruto per capita português é de €15.7347 (22.105 dólares), quase metade do que na Noruega, onde é de 58.810 dólares. Também neste indicador Portugal fica abaixo da média da OCDE, que é de 37.077 dólares.

Saúde: 34 médicos para cada cem mil pacientes


No que diz respeito às despesas de saúde, Portugal gasta, por pessoa, menos de metade do que os Noruegueses, que voltam a ocupar o primeiro lugar do ranking sobre bem-estar das populações realizado anualmente pelas Nações Unidas.
Em Portugal, a despesa na saúde per capita em 2007 era de 2284 dólares anuais (cerca de €1600), enquanto que na Noruega este valor sobe para os 4763 dólares (cerca de €3340). Mas são os americanos que investem mais neste sector: 7285 dólares (cerca de €5107) em 2007.
Nos itens sobre o número de médicos e de camas para cada cem mil pacientes a realidade nacional é muito aproximada à dos que estão no topo da tabela: em Portugal há 34 médicos e 35 camas hospitalares, contra as 39 profissionais de saúde e 39 camas na Noruega.

Satisfeitos com o emprego, mas...


No capítulo do emprego, nove em cada dez portugueses diz estar satisfeito com a sua atividade profissional, mas mais de metade da população não gosta do padrão de vida que tem.
Os portugueses consideram-se mais ou menos bem "com a vida em geral": numa escala de zero a dez posicionam-se em 5,7.
Numa análise por itens, percebe-se que o problema passa pelo "padrão de vida", já que 90 por cento dizem-se satisfeitos com o emprego e 80 por cento com a saúde pessoal. No entanto, apenas 47 por cento se considera satisfeito com o "padrão de vida" que tem.
Ainda no universo do trabalho, 18,5 por cento dos trabalhadores têm empregos vulneráveis, ou seja, estão "envolvidos em trabalho familiar não pago e trabalho por conta própria".
Os números de 2008, que são aqueles que integram o relatório, mostram que 55,7 por cento da população entre os 15 e os 61 anos estava empregada, sendo a situação mais problemática para as pessoas com mais qualificações académicas.

IDH CRESCE 18% EM 20 ANOS
A média mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aumentou 18 por cento nos últimos 20 anos, refletindo grandes melhorias na esperança de vida, matrículas escolares, alfabetização e rendimento, mas alguns países sofreram sérios reveses, revela relatório.
O Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, divulgado hoje, indica que a média mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aumentou 18 por cento desde 1990 e 41 por cento desde 1970.
Dos 135 países da amostra para 1970-2010, que representam 92 por cento da população mundial, quase todos beneficiaram deste progresso, embora de forma muito dispare, e apenas três - República Democrática do Congo, Zâmbia e o Zimbabué - têm um IDH atual inferior ao de 1970.

Universalmente aceite


Helen Clark, administradora do PNUD, lembra, na nota introdutória do relatório, que "é agora quase universalmente aceite que o sucesso de um país ou o bem-estar de um indivíduo não podem ser avaliados somente pelo dinheiro. O rendimento é, obviamente, crucial: sem recursos, qualquer progresso é difícil".
Contudo, "devemos também avaliar se as pessoas conseguem ter vidas longas e saudáveis, se têm oportunidades para receber educação e se são livres de utilizarem os seus conhecimentos e talentos para moldarem os seus próprios destinos", refere.
Helen Clark lembra que para alcançar o desenvolvimento humano "não há um modelo único ou uma receita uniforme para o êxito".
No relatório deste ano são introduzidas três novas medidas que registam a desigualdade multidimensional, as disparidades de género e a privação extrema: o IDH Ajustado à Desigualdade, o Índice de Desigualdade de Género e o Índice de Pobreza Multidimensional.

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